Mensagem de 1º de maio 2020: dia do trabalhador e da trabalhadora.
Disse o Senhor a Paulo: “Não tenhas medo; continua a falar e não te cales, porque eu estou contigo” (At 18,9-10).
Neste ano, vivemos o 1º de maio em clima de preocupação, perplexidade e, ao mesmo tempo, de esperança em superar os graves desafios.
Os fatos conhecidos por todos em relação à pandemia do novo coronavírus e as consequências graves especialmente na vida dos trabalhadores e trabalhadoras nos revelam uma estrutura social e política que exclui milhões de pessoas de uma vida digna, como nos indica o projeto de Deus.
Nos últimos anos no Brasil foram feitas emendas à Constituição, e aprovadas várias medidas que resultaram em recuos nos direitos dos trabalhadores (as). A Emenda Constitucional 95/2016 congelou recursos para políticas públicas, como educação, saúde e outras em benefício da população trabalhadora. A Medida Provisória 910/2019 é uma agressão direta aos direitos constitucionais de indígenas e povos tradicionais; ao ambiente natural; favorece práticas de grilagem, desmatamento e empreendimentos predatórios; regulariza as ocupações ilegais feitas pelo agronegócio, entre outras coisas.
As consequências da pandemia se fazem sentir com maior peso na vida de trabalhadoras e trabalhadores da cidade e do campo. O desemprego e as medidas restritivas ao trabalho dos autônomos nos obrigam a pensar uma nova forma de economia que garanta a vida digna para todos, onde o Estado tenha o papel importante para defender os mais fragilizados.
A solidariedade emergencial das grandes empresas deve-se transformar em mudanças na estrutura socioeconômica vigente. É necessário reinventar novas formas de viver em sociedade, onde, por exemplo: uma renda básica seja garantida para cada pessoa.
Não há falta de alimento nem de dinheiro: o que falta é a justa distribuição de oportunidades, bens e riquezas.
A pandemia do Covid-19 veio nos alertar que, se não mudarmos o nosso jeito de agir em relação à natureza, dela poderá surgir a uma série de doenças em massa.
A Igreja no Maranhão seguindo Jesus Cristo, o Ressuscitado, inspirada nas palavras e opções do Papa Francisco, convoca a todos para um maior cuidado consigo mesmo, com os outros e com a criação, tendo a certeza de que Ele está conosco “até o fim dos tempos” (Mt, 28,20). Isso nos dá força e coragem para enfrentarmos os desafios diários que se colocam diante de nós. É Jesus que nos afirma: “Eu venci o mundo”! (Jo 16,33).
Aí está o fundamento que nos torna portadores e anunciadores da Esperança, também em tempos de pandemia.
Para isso, somos chamados a trabalhar e insistir na construção de um novo modo de vida em sociedade, o Bem Viver, defendido pelo Sínodo da Amazônia e fundamentado numa ética humana coletiva; e colaborar para o fortalecimento de várias formas que possam contribuir para que trabalhadores (as) retomem, com mais vigor, as lutas por seus direitos fundamentais.
Nós, bispos católicos do Maranhão, desejamos animar os maranhenses a fim de que, em meio a essa situação, sejam encontradas saídas diante das dificuldades e dos sofrimentos pelos quais todos nós estamos passando.
Pela intercessão de São José Operário, invocamos as bênçãos de Deus para que vocês trabalhadores (as) tenham saúde, ânimo, coragem e oportunidades para o trabalho honesto e seguro!
Dom Sebastião Bandeira Coelho
Presidente
Dom Esmeraldo Barreto de Farias
Vice-presidente
Dom Rubival Cabral Britto
Secretário
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